terça-feira, 2 de abril de 2013

Como a escola pode transformar a realidade em que está inserida?


A escola pode contribuir para a análise da prática cotidiana e da realidade concreta vivida pela comunidade, criando condições para que ela entenda a realidade mais imediata como manifestações  estruturais. Esse processo permitirá construir um conjunto de explicações, propostas e possibilidades para sua transformação, para sua superação. A escola pode ser a grande mediadora do conhecimento necessário à comunidade, para que ela possa construir realidades mais humanas para viver.
 Como afirma Paulo Freire, o conhecimento não é neutro. A relação pedagógica, a vivência daquilo que nos caracteriza como humanos: pensar, refletir, avaliar, projetar, propor, recriar, agir sobre a realidade. A relação autoritária exclui e impede que todos sejam  sujeitos do processo educativo. Então, pode-se dizer que uma das razões que explicam a importância da democracia na escola é que não há relação verdadeiramente pedagógica estruturada em bases autoritárias. A democracia é condição para a existência da relação pedagógica (PARO, 1993).
 Podemos e devemos fazer da escola um  espaço de promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que respeitem o direito à vida. Propiciar aos educandos o desenvolvimento da capacidade de perceber as conseqüências pessoais e sociais de suas escolhas. Construir o senso de responsabilidade. Tornar o cidadão participante, crítico, responsável e comprometido com a mudança das práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos é fundamental para um país democrático e justo.
 Segundo Paulo Freire, educar é promover a capacidade de ler a realidade e de agir para transformar o sentido a vida cotidiana. Para isso, a educação não pode ignorar o contexto do educando, nem o conhecimento pode ser construído negando o saber dos alunos. Daí a importância da leitura do mundo. O diálogo é condição para o conhecimento. O ato de conhecer se dá em um processo social, e é o diálogo o mediador desse processo.  Construir princípios de convivência é construir condições para a formação da cidadania. Os princípios de convivência devem levar em conta que o lugar e o tempo de aprender não se separa do lugar e do tempo de ensinar. Onde e quando se aprende também se ensina. Os círculos de cultura trazem a prática de cada um, a sua vivência, a sua história, os saberes dos educandos permitem a reflexão sobre eles a ampliação do conhecimento. O papel do educador é dar sentido a essa construção.


Referencias Bibliograficas:
PAULO FREIRE. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
PARO, Vitor Henrique. O conselho de escola na democratização da gestão escolar. In: Maria Aparecida Viggiani Bicudo; Celestino Alves da Silva Júnior. (Org.). Formação do educador e avaliação educacional: organização da escola e do trabalho pedagógico. São Paulo: Unesp, 1999, v. 3, p. 209-218.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo – elementos metodológicos para elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 1995. (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 1)